ENTENDENDO O TDAH
O TDAH é um transtorno neurobiológico, genético, hereditário. Isso significa que o transtorno identificado na criança pode vir do pai ou da mãe; de um primo ou de uma tia. O TDAH também encontra em fatores ambientais motivos para sua ocorrência, a saber: nascimento com baixo peso, bebês prematuros ou mãe que fuma durante a gravidez.
O uso de outras drogas, inclusive o álcool, também pode influir no aparecimento do transtorno em crianças. Portanto, todo cuidado é pouco no período da gestação e o acompanhamento médico é fundamental.
TDAH em dois tipos
O TDAH apresenta dois tipos distintos, com um detalhe importante: o TDAH combinado é aquele em que a criança apresenta a hiperatividade, a impulsividade e o déficit de atenção. Já o TDAH desatento é caracterizado quando a criança demonstra apenas a falta de atenção.
Em que idade o TDAH pode se manifestar?
O TDAH se manifesta, geralmente, antes dos 7 anos de idade. Em 95% delas, o transtorno se revela antes dos 12 anos. É importante salientar que o TDAH ocorre na fase de desenvolvimento da criança.
Alguns dados sobre o TDAH
O transtorno afeta 6% das crianças (ou 11% em algumas estatísticas) e 3% dos adultos. O déficit de atenção traz grandes prejuízos à criança no que diz respeito o aprendizado. Importante ressaltar que 80% das crianças com o transtorno têm grandes chances de continuar TDAH na adolescência. Da adolescência para a fase adulta, esse número vai para 50%.
Características
O TDAH se constitui por uma excessiva dificuldade em manter o foco em uma atividade que exija esforço mental prolongado; uma atividade que precise ser desempenhada com regras, prazos pré-determinados. Além disso, crianças com déficit de atenção têm dificuldade para começar e terminar suas tarefas.
Outra dificuldade é a de rever situações e erros; dificuldade de fazer conclusões, síntese e análise de atitude. As crianças com TDAH tendem a ser mais esquecidas, desorganizadas e perdem-se em tarefas. Além disso, há mais características:
– Tendem a ter rendimentos escolares e rotineiros mais baixos;
– Podem ser completamente introspectivas;
– Problema de memorização, capacidade de organização e interiorização de conceitos e aprendizagens;
Diagnóstico tardio é sempre prejudicial
Procurar o diagnóstico muito tarde pode provocar lacunas consideráveis no processo de aprendizagem de leitura e matemática. Isso, certamente, causará dificuldades preocupantes na vida acadêmica do aluno.
E na escola?
Em sala de aula, é importante saber e conhecer o diagnóstico. É importante o pedagogo saber se a criança está sendo devidamente medicada. Depois, é imprescindível melhorar a didática (de forma objetiva), alterar o tom de voz, ensinar de maneira interessante; tudo para que ela se sinta recompensada pelo processo de aprendizagem.
Tratamento adequado
A criança precisa ser avaliada de maneira global e interdisciplinar para que os profissionais vejam se há outras comorbidades e, assim, propor uma intervenção adequada para o devido tratamento.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) tem causa genéticas. O transtorno neurobiológico é responsável por algumas características como a impulsividade, a falta de atenção e a inquietude. O TDAH aparece na infância e precisa ser tratada para dar à criança e ao adolescente uma qualidade de vida muito boa quando chegar à fase adulta. No entanto, quando isso não ocorre, alguns desses sinais (característicos) citados acima podem se aprofundar e prejudicar muito a pessoa diagnosticada com o TDAH.
Ansiedade e depressão
O TDAH pode levar a um distúrbio de aprendizagem. Tal situação é um passo para que colegas de sala se afastem da criança, levando-a ao estigma de ser alguém ‘diferente’ dos demais. Isso causa ansiedade e depressão no pequeno, pois ele logo perceberá a maneira que o tratam.
Entretanto, é bom ressaltar que quando a criança é medicada e acompanhada por profissionais especialistas; ela pode demonstrar uma vida absolutamente normal, inclusive com os coleguinhas de sala.
Evasão Escolar
Os problemas no TDAH, citados na seção anterior, dão continuidade a um comportamento muito ruim na vida acadêmica: a evasão escolar.
Quando o aluno passa pela situação de isolamento pelos colegas e professores; assim como o desenvolvimento de ansiedade e depressão, ele tende a abandonar a escola. Isso acontece principalmente quando o adolescente com TDAH não recebe (e não recebeu na infância) o tratamento ideal. Alguns estudos associam o TDAH como um dos motivos principais da evasão escolar.
Maus resultados na vida escolar
Como o TDAH causa distúrbios de aprendizagem, é inegável que uma pessoa que não passou por uma intervenção que visasse a um tratamento adequado enfrente grandes dificuldades na vida escolar. A evasão escolar não é uma regra na vida de uma pessoa com TDAH, mas quem decide ficar no ambiente em questão (e não recebe tratamento adequado) tende a ter bastante dificuldade para acompanhar a turma e os conteúdos.
Uso de drogas, álcool e outros problemas
A importância de se tratar o TDAH está no fato de que o transtorno pode gerar situações ruins para a pessoa na vida adulta. Pesquisas apontam que usuário de drogas, álcool e que cometem outros atos pode ter tido TDAH na infância.
Infelizmente, não são poucos os relatos de pais que procuram tratamento tardiamente e, assim, descobrem que o filho tem TDAH. O uso de substâncias ilícitas também pode estar ligado ao desenvolvimento do Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) – uma das várias comorbidades que surgem no bojo do TDAH – e que, na fase da adolescência, é responsável por atos de rebeldia.
Atenção: nem toda rebeldia e uso de substâncias tóxicas são indícios de TDAH ou TOD. Assim como nem toda pessoa com TDAH ou TOD farão uso de tais produtos ou se comportarão dessa maneira. Tudo deve ser analisado caso a caso.
O tratamento adequado com terapeutas e estimulantes é a melhor saída para essas situações. Quanto mais cedo começarem as intervenções, maiores são as chances de a criança (e o futuro adolescente e adulto) conseguir uma qualidade muito melhor. Lembre-se que informação é tudo e pode salvar o seu filho.
PAIS
CONECTADOS, CRIANÇAS CONECTADAS
(sobre o uso e abuso de tecnologia na infância)
por Dra.
Marcela Guimarães Cavalcanti Ribeiro, neuropediatra
Hoje em dia
vivenciamos uma tempestade de novidades tecnológicas e as nossas crianças têm
possibilidades múltiplas de interagir com este mundo cada vez mais virtual. Não
há como “nadar contra a correnteza” e não acompanhar estes avanços já que a
maioria das pessoas os utiliza em várias situações do dia-a-dia quer para se
conectarem com os amigos e conhecidos ou para auxiliar nas atividades diárias,
em casa e no trabalho. Esta realidade tecnológica é positiva pois viabiliza
praticidade, segurança e facilidade nos contatos sociais; porém devemos estar atentos
para não perdermos o fio-da-meada na educação das crianças e deixarmos estas
inovações modernas atrapalharem o pleno desenvolvimento emocional, intelectual,
social e afetivo o que pode causar prejuízos e transtornos.
O corpo
recebe estímulos variados através dos sentidos (visão, audição, olfato,
gustação e tato) e estas informações são
processadas a nível cerebral para que haja significado no mundo percebido.
Através destas funções integrativas sensoriais e seu processamento (como o
processamento de um computador) o cérebro utiliza meios de relacionar as
experiências já vividas anteriormente àquelas percebidas em cada momento e isto
gera uma resposta emocional, um pensamento ou idéia e até uma ação. Sabemos
também que o que qualifica uma pessoa de qualquer idade ou condição cultural em
relação a suas habilidades e competências é a forma como ela responde ao seu
meio, a situações cotidianas mais ou menos complexas, as já esperadas e as
inesperadas e desafiantes. Esta complexidade exige uma atenção especial por
parte dos educadores, no caso das crianças pequenas os pais, irmãos e babás que
são as principais fontes de estímulos. Este mundo se amplia quando a criança
entra na escola e começa a participar de outros grupos sociais e esta
responsabilidade começa a ser dividida com os professores da escola ou de
cursos e aulas especializadas. Desta forma, as experiências das mais simples às
mais complexas começam a formatar um mapa a nível neuro-estrutural que irá
permanecer durante toda a vida da pessoa que vai ser mais ou menos apta, mais ou menos competente dependendo de como
essa construção se faz nos períodos nobres do desenvolvimento neuro-psicomotor
e psico-afetivo da criança.
Bem, e onde
chegamos após este breve resumo de como as coisas funcionam no nosso computador
pessoal e das nossas crianças? Em que este conhecimento simplificado de
neurociência pode nos auxiliar na educação das nossas crianças? Como criar uma
geração que utiliza as coisas que estão acessíveis mas não se escraviza por
essas mesmas coisas? Como não temer os avanços e a tecnologia?
Precisamos
conduzir as crianças neste caminho de contato com a tecnologia e o mundo
virtual para que elas não se percam de si mesmas neste processo. A criança
precisa perceber a tridimensionalidade do mundo e das relações que constrói,
observar o tempo de cada processo, utilizar meios de vivenciar
experiências sensoriais mais ricas e concretas para ir aos poucos podendo
avançar no conhecimento do mundo virtual.
De forma
prática algumas sugestões que utilizo no consultório e que podem orientar as
famílias:
1.
Quando
a criança é muito pequena, até os 18 meses, a experiência de construção
tridimensional do próprio corpo e do mundo objetivo é imprescindível para que
ela se sinta segura pois as habilidades motoras são essenciais para sua formação nesta etapa. Utilizar tablets e
celulares para entreter a criança por longos períodos não é muito adequado. O
ideal é que seja um tempo limitado, apenas para apresentar alguns aplicativos e
jogos específicos para esta idade, dando a criança a oportunidade de conhecer
mas não substituindo experiências reais com brinquedos (montar blocos, bolas,
instrumentos musicais, areia e água, massinha e bonecos, por exemplo) ou
brincadeiras (esconde-esconde, futebol, roda, danças).
2.
Dê
tempo ao tempo definindo que momento é apropriado para que a criança maiorzinha
(de 3 a 6 anos) utilize tablets, celulares ou jogos. Na hora de espera em um
consultório médico ou naquele dia que a criança precisou te acompanhar em algum
compromisso pessoal inadiável. Nunca troque os eletrônicos por bom
comportamento ou atividades que são uma obrigação da criança (comer, arrumar os
brinquedos, fazer alguma atividade da escolinha, ler algum livro ou revistinha)
3.
Quando
a criança for maior e as necessidades escolares também forem mais demoradas e
extensas defina em que momento será permitido que a criança se envolva com os
jogos, celulares e tabletes. O ideal é que esteja bem dimensionado o tempo (até
1h/dia durante a semana, ou mesmo apenas nos finais de semana o que também dá
muito certo). O ideal é que seja permitido apenas após fazer as atividades de
escola, ajudar em alguma tarefa em casa e organizar suas coisas pessoais, como
seu auto cuidado diário (tomar banho). Diga claramente que horas deve ligar e
que horas deve desligar. Lembre-se de desligar o computador ou TV pelo menos 1
hora antes de dormir. TV no quarto é um problema como na sala de jantar na hora
das refeições.
4.
Esteja
atento a que tipos de sites a criança tem acesso, deixe o computador em local
“público” na casa (o que a criança vê todos podem ver também). Utilize o
controle parental tanto na internet quanto na TV. O ideal é que a criança
assista ao que é permitido para a idade e tenha jogos idem. Tenha o controle do
celular e deixe bem claro que os pais até certa idade precisam saber o que
acontece para proteger a criança pois “pais que amam protegem”... (Diga isso a
ela sempre que for questionado em sua autoridade ou desafiado)
5.
Quando
os adultos chegarem em casa após o trabalho com a família reunida deve haver uma forma de todos se desconectarem do mundo
virtual (inclusive do trabalho importantíssimo!) por algum tempo colocando os
celulares de todos da casa em uma cestinha enquanto jantam, assistem a um
filme, conversam, pois estarão conectados entre si.
6.
Muito
importante a forma como os adultos interagem com suas ferramentas tecnológicas e
em que momentos, pois este é um exemplo a ser seguido, uma atitude que lhe será
cobrada e a forma mais adequada passa pela maturidade dos pais. ( Atendi uma
criança com problemas para dormir e dificuldade de aprendizagem devido ao
excesso de horas que fica na internet e que me confessou que a mais “viciada” na
casa era a mãe que ficava no “face” e só fazia “miojo” para ela comer).
Esta
conexão da criança consigo mesma e com o mundo ao seu redor deve ser o mais
real quanto possível pois os estímulos mais desafiadores e que demandam maior
tempo e concentração formam crianças mais inteligentes, criativas e
concentradas. E quando os pais também
estão mais conectados com suas crianças temos a possibilidade de seres humanos
mais aptos e sensíveis.
Ola´,bom dia.Tenho um filho com TDAH com 9 anos que faz o uso de RITALINA. Gostaria de saber se esse medicamento pode trazer algum maleficio para sua saude atualmente ou futuramente? obrigado.
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